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20 de nov. de 2010

Caçador

As luzes estroboscóbicas da boate criavam uma atmosfera por ele muito conhecida e, até certo ponto, esperada. Seus olhos procuravam em cada canto daquele lugar enquanto seu corpo se deliciava com as batidas daquela música absurdamente alta. Procurava apenas por diversão num lugar onde certamente encontraria entre uma dose ou outra de tequila que descia por sua garganta. Estava em seu habitat, seu abatedouro, seu parque de diversões, estava em casa.

Ao avistar o brilho daqueles olhos castanhos percorrendo seu corpo, aproximou-se. Falou-lhe algo aos ouvidos recebendo um sorriso como resposta. Nomes foram trocados, mas logo esquecidos - pois atrapalham, substantivam, transformam comuns em próprios, e isso ele não queria. Braços foram passados por uma cintura entregue, e bocas se conheceram misturando saliva, língua, tequila e volúpia. Mais vinte minutos de dança, mais cinco minutos de palavras aos ouvidos, mais dez de táxi até um quarto semi-luxuoso semi-decadente de motel.

Onde os chamados humanos - como ele - se despem de sua racinolidade e tornam-se animais: Sedentos, famintos, lascivos. Pôde saciar sua sede em cada parte do corpo de sua presa, saciar sua fome ao mordê-la suavemente, agarrá-la, apertá-la o quanto quis. Seu apetite se saciando e crescendo ao mesmo tempo a cada movimento, a cada enlace, encaixe, gemido, urro, suor. E era drenado tanto quanto drenara; língua passada por seu corpo, mãos direcionadas por outras, e mãos arranhando suas costas enquanto dois corpos uniam-se e desejavam-se. E conseguiram.

Duas horas mais tarde. Uma presa satisfeita - e abatida - dormia tranquila num quarto de motel enquanto ele, em seu carro, voltava para sua casa para continuar sua vida esquecendo-se completamente do que acontecera na noite anterior. Lembrava-se apenas do prazer obtido e da diversão que sempre haveria de ter. Apenas em como conseguia extrair o que quisesse sempre que quisesse de quem quisesse. E sair, depois de saciar-se, para voltar à sua vida, sua caça contínua. E somente pensar no dia de amanhã, e esperar a noite cair. Uma noite a mais, para uma diversão a mais, sempre.

As luzes estroboscóbicas da boate criavam uma atmosfera por ele muito conhecida e, até certo ponto, esperada. Seus olhos procuravam em cada canto daquele lugar enquanto seu corpo se deliciava com as batidas daquela música absurdamente alta. Procurava apenas por diversão num lugar onde certamente encontraria entre uma dose ou outra de tequila que descia por sua garganta. Estava em seu habitat, seu abatedouro, seu parque de diversões, estava em casa.

9 comentários:

  1. Goste do texto, Greg. Parabéns! Muito bem detalhado e isso é bom #fatoverídico

    []'s
    blog.avoado.com

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  2. Muito bom o texto, bem, em algum momento da vida, quem não viveu isso né?
    Excelente seu blog, vou seguir.

    Abraços

    http://sabordaletra.blogspot.com/

    Passa lá quando puder!

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  3. você é um ótimo escritor

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  4. quando eu conseguir seguir né. shauihsui. :*

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  5. Isso é bem #fatoverídico +1 sashauhshsaui.
    Adorei o post. Sucesso greg. to seguindo. :*

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  6. Muito bem escrito! História à la Bukowski, parece. Continue escrevendo, tens talento!

    beijo

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  7. é, acho que todos já viveram esse momento.
    ótimo texto.

    bom post

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  8. Muito boa a maneira como você descrever esse ciclo; a continuidade que insere no texto, além da forma como detalha. Poesia e sarcasmo unidos. Perfeito!

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  9. Gostei muito dos seus textos. Percebi que é realmente um profissional. Então queria abusar um pouco de seu conhecimento: será que podes dar uma olhada em um dos meus contos e dizer o que achas dele, e o que seria ideal mudar?
    esse é o endereço:(http://diadj.blogspot.com/2010/10/como-se-fosse-um-anjo.html)
    desde já agradeço.
    beijos

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