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12 de jan. de 2011

Pega o ladrão!

Alguém pegue o ladrão que roubou aquela pobre moça!

Ela estava distraidamente passeando na rua com seu cachorro de bolsa enquanto olhava as vitrines das lojas mais caras na rua. Havia, faz pouco tempo, desligado o celular após uma conversa agradável com sua amiga viajante pela Europa. Ainda estava com a mente na conversa quando o celular de última geração fora levado por um pivete qualquer. Coitada.

Alguém pegue o pivete que roubou aquela indefesa senhora!

Não queria saber. Só queria chegar na polícia e fazer o retrato falado do assaltante. Os faria procurar até no inferno para achar aquele meliante. Por mais um pagamento - por fora - faria até com que os policiais matassem o infeliz. Ninguém mandou mexer com a filha do mais novo governador daquele estado.

Alguém pegue aquele moleque! Ele roubou a moça!

Ele a conhecia muito bem. Fora ela mesmo quem prometera que seu pai - o candidato a governador - garantiria um emprego para aquele rapaz. Fora ela quem fizera ele acreditar nessa promessa e, por isso, comprar à longas prestações, a tão sonhada casa para sua futura família. Fora ela quem negara conhecê-lo assim que seu pai fora eleito. Fora ela quem provocara sua ruína, sujara seu nome, sua honra e suas atitudes. Agora ele, desempregado, desesperado e quase-pai de família, não tinha outra escolha senão tirar de quem o tirou tanto, o dinheiro para manter sua família enquanto não saíam da casa não-paga.

Alguém pegue esse safado!

Enquanto ele corria com lágrimas nos olhos por cometer tal ato - talvez pelo peso da culpa em seus ombros, ou pela dor de sujar sua honestidade - ela sorria pensando em como ele seria torturado e morto. Justiça e injustiça, retribuição e vingança.

Pega o ladrão!