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21 de jun. de 2011

Perda

E ao som da chuva que caía naquele inverno, ele relembrava os bons momentos que teve com aquele ser especial. Sua memória nunca iria esquecer o quanto foi feliz enquando eles estiveram juntos e, por mais que os outros pudessem duvivar ou achar ridículo, lá estava ele, sentindo um vazio enorme no peito, deitado em sua cama - que não fora só sua - agarrado aos pertences daquele que foi embora....

Eles se conheceram por curiosidade, e permaneceram por necessidade. Uma mudança de ambiente, de casa, de cidade e de amigos. O outro, a vontade de encontrar um novo lar e alguém para dar carinho. Um com um lar sem carinho enquanto o outro com um carinho sem lar. Quis o destino que se encontrassem numa loja. E, numa simples troca de olhares, enxergar que um completava o outro. E assim o carinho achou seu lar e por lá permaneceu até se tornar amor. E além disso.

Nunca houve problema entre eles. Era como se a sincronia existisse há tanto tempo que era superior à essa vida. Se entendiam, se completavam, se amavam. E nunca se permitiam deixar isso morrer: Cada um sabia o exato momento que o outro estava triste ou preocupado assim como sabia exatamente o que fazer para mudar isso, mesmo que com um gesto simples. Certa vez até encheram a mão de tinta e colocaram em um papel, que depois foi posto numa moldura, para marcar o amor entre aquelas duas criaturas.. Sempre dormiam juntos, sempre arrumavam um tempo pra sair, passear com os amigos da vizinhança ou somente eles dois. Até corriam juntos pela manhã pra cuidar da saúde! Mas foi a falta dessa tal saúde que, pra um, foi fatal.

Uma doença no sangue, a descrença dos doutores e o final de uma vida dedicada ao amor e a ser amado. E quando ele se foi, parte do outro morria com ele. E ele voltara pra casa sem reconhecer aquele lugar. Agora vazio, sem cor, sem alegria, sem amor. Até o tempo parecia sofrer com aquela perda e derramar suas lágrimas em formato de chuva. Uma chuva que lavava uma dor intensa e que o permitia chover seu pranto por ter perdido quem ele mais amava.

E ao som da chuva que caía naquele inverno, ele relembrava os bons momentos que teve com aquele ser especial. Sua memória nunca iria esquecer o quanto foi feliz enquando eles estiveram juntos e, por mais que os outros pudessem duvivar ou achar ridículo, lá estava ele, sentindo um vazio enorme no peito, deitado em sua cama - que não fora só sua - agarrado aos pertences daquele que foi embora: a coleira que ele sempre usava para passeio, a bola que sempre estava presente nos momentos de diversão e um quadro pequeno, onde aparecia uma mão e uma pata lado a lado, unidas, para a eternidade.

5 comentários:

  1. Nossa, passou um flashback na minha cabeça de todos os cachorros que eu já tive e que por algum motivo trágico morreram. Interessante como você manteve até o final do texto a impressão de falar sobre um homem e uma mulher e só depois revelar a verdade história. Muito bom.

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  2. Concordo com o Forlly muito interessante a maneira como vc abordou aparentemente um relacionamento entre um homem e uma mulher e depois no final vc revela a verdade.Adoro-o isso *.*
    Excelente texto.

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  3. lindíiiiiissimo texto, parabéns *-* realmente, era de se esperar um relacionamento de amor carnal, não de amizade... muito lindo mesmo!

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  4. Muito bonito! Nesse texto você prova que para ser amor, não precisa ser apenas entre humanos! Parabéns pelo blog! Está tudo muito legal!
    Abraço!

    Comente no meu blog também:
    http://enricows.blogspot.com/

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  5. Reli novamente o seu texto.Vc tem o talento de surpreender o leitor e fazer com que ele fique feliz quando ver a reviravolta da estória.Simplesmente,acho seus textos incríveis e se um dia você virá sei lá autor publique no seu blog ou mande lá como comentário no meu blog que eu totalmente vou comprar mesmo sem saber do que seja a estória.Pq totalmente eu sei que valerá a pena!
    Espero que você escreva outra estória logo,pois simplesmente a-d-o-r-o!
    beijos

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